vida aos desperdícios.

Há uns tempos, quando perguntava num post do instagram sobre o que gostariam que vos falasse mais, o processo criativo e de produção foi dos que suscitou mais interesse. Assim hoje venho falar-vos de um parte muito específica do processo de produção: dos desperdícios (sim, desperdícios!), de como é difícil evitá-los e da minha forma de tentar (re)aproveitá-los.

Já ando neste mundo do papel, e das artes gráficas, há alguns anos, e posso dizer-vos que é praticamente impossível não haver sobras ou papel que se estrague durante todo o processo de criação de um produto, principalmente se falarmos de um produto novo.
Coisas muito práticas que acontecem durante todo este processo e que levam a estes excedentes:
* existem certos papéis que são vendidos apenas em maços ou resmas, o que na prática quer dizer que mesmo que precise apenas de meia dúzia de folhas para fazer um projecto, vou comprar muito mais folhas do que o aquilo que realmente necessitaria e ficar com sobras.
* Muitos processos de impressão implicam uma grande quantidade de papel para o acerto de cores, aliás o mesmo se aplica para o acerto de determinados acabamentos como o vinco, picotados, etc..

Posso dizer-vos que nos últimos anos - e com um portfolio de papelaria diversificado - consegui acumular (e atenção, isto não é motivo de orgulho, é apenas uma constantação) muitos quilos de desperdícios de papel. Dos cadernos às impressões com defeito, às sobras das muitas impressões e papéis de produtos que já não produzo, aos excedentes de resmas de papel de produtos personalizados, ao material que comprei a achar que funcionaria para um projecto e/ou acabamento e depois concluo que não funciona… Fui guardando tudo, ou quase tudo vá, na esperança de um dia ter disponibilidade, e capacidade, para lhes dar uso.

A nossa mudança para os Açores veio precipitar esta vontade, por assim dizer, já que a necessidade de conseguir compactar algum material era muita, como devem imaginar.

Estes packs de envelopes, que vos mostro agora, são o resultado do primeiro reaproveitamento destes desperdícios.
Não é papel menos nobre, ou com defeito, é material que traz consigo uma história anterior! :)

Resolvi fazer estes conjuntos simples - sem postais ou qualquer ilustração/texto - para poderem servir os mais variados fins - completar o postal que temos em casa e que não queremos mandar sem envelope, ser a base para uma prenda especial, etc, etc. Fi-lo a pensar nas mensagens que fui recebendo a pedir material deste género e, de eu própria, já ter sentido falta de envelopes bonitos.

Em dois formatos - quadrados (14x14 cm) e C6 (16,2x11,2 cm aprox.) - são vendidos em packs iguais: 2 envelopes creme de 160 g/m2 + 2 envelopes kraft de 125 g/m2 + 2 envelopes azul 120 g/m2.

São poucos conjuntos disponíveis na loja online (nem 30 de cada tamanho) e vendidos a um valor simbólico.

Espero que tenham gostado de ler/perceber um pouco mais sobre o processo “escondido”/”não falado” dos produtos e que estes envelopes vos dêem vontade de enviar palavras bonitas aos vossos. Se há coisa boa de se receber é uma carta inesperada no correio, destas boas, claro :)